domingo, 4 de abril de 2010

Silêncio

É mais difícil à noite - é preciso tocar o silêncio. Ele fica à espreita durante todo o dia, aguardando este momento: além das pessoas, das luzes, das imagens; mas, à noite, vem forte, pesado, grande, espremendo com força o que encontrar pela frente.
Aparentemente sem ter o que fazer com os pensamentos que rodavam sem parar, ela encostou a cabeça na parede enquanto observava o céu. As estrelas estavam ocultas por nuvens que, ela lembrou, pareciam aquelas que rodavam com seus pensamentos.
Ela respirou fundo, tentando filtrar o ar ligeiramente frio que entrava por suas narinas e, com ele, dissipar a névoa interna. Desistiu.
Quando o silêncio se torna pesado demais, o jeito é abraçá-lo, agarrar-se a ele e aconchegar-se em seu colo. E o ar ligeiramente frio em seus pulmões quase ajudava.

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