domingo, 29 de novembro de 2009

Antítese

Aquele cara planejava cada passo, media seus gestos, construía seus caminhos com cuidado, calculava o tempo e o espaço, definia metas. Cumpria prazos, tomava suco no café da manhã, passava suas camisas, dedicava-se a tudo que fazia, acompanhava o noticiário, dava bons conselhos.
A moça não. Vivia os segundos que ali estavam e deixava tudo pra última hora. Dormia depois das quatro e acordava atrasada. Nunca tomava café, porque não dava tempo. Usava a primeira roupa que caísse da bagunça que ficava dentro do armário. Faltava à faculdade, lia o que lhe caísse nas mãos e não sabia nem o que fazer com sua própria vida.
Ele transmitia segurança, tranquilidade, uma felicidade calma e leve. Uma vontade de arrastar os minutos.
Ela era um caos completo. Uma alegria enorme e intensa. Uma pressa sem tamanho de experimentar tudo.
Era visto que, uma hora ou outra, eles iam se encontrar.
E é claro que não tinha chance de dar certo.
Mas quem é que ia querer tudo igual, sempre?

sábado, 28 de novembro de 2009

Caminhando

E foi com a leveza de sempre que ela encarou mais essa fase de sua vida: a fase em que as pessoas e acontecimentos esbarravam em sua pele e nela se infiltravam intensos, vorazes, inexatos.
À sua volta, o tempo corria, o clima mudava, mudava o céu.
Mas ela abria os braços e sentia o vento, e queimava no sol, e olhava o relógio, e contava o dinheiro, e andava com pressa, e atravessava as ruas, e penteava o cabelo.
À sua volta, o mundo girava, os rostos envelheciam e a saudade doía.
E ela, com a certeza bonita de quem quer o mundo, mas pode esperar, apenas sorria.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sabão

Houve um momento em que a saudade foi tão grande
que engoliu tudo o que estava em volta.

Saudade bolha,
deixando tudo meio embaçado.

E ela percebeu que era hora de,
dentro da saudade de uma vida toda,

Inventar felicidades novas!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A, B, C...

O que eu digo vai, devagar, começando a insinuar contornos ainda desconhecidos - mesmo para mim.
Não há pretensão nas linhas que escolho para preencher com pensamentos.
São só um monte de ideias soltas, palavras avulsas.
Não precisam (e nem pretendem) fazer sentido sozinhas.