quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Adiante

"Não sou do tipo que procura e sai correndo quando encontra"
É do Paulo Coelho e é bem isso.
Eu me proíbo terminantemente de sair correndo das coisas que eu quis a vida toda.
Ninguém me disse que seria fácil, ninguém me garantiu que tudo ia dar certo o tempo todo. Eu sabia.
E eu me proíbo de me sentir mal só porque finalmente encontrei meus obstáculos.
Se tudo sempre deu certo e de repente tá foda, e de repente tá tenso, e de repente eu quero entrar no banho e chorar os mesmos litros d'água que o chuveiro derrubar, eu me proíbo.
Porque é injusto com os outros, e é injusto comigo. Não posso tirar meu direito de passar por essas fases todas, não posso tirar meu direito de saber como é lutar, de entender o que é superar, não posso tirar meu direito de reaprender a sofrer.
Se eu passei anos tentando reanimar meus batimentos cardíacos, não posso agora ficar com medo das arritmias. Não posso agora ficar com medo da oscilação, porque eu sabia que ela viria.
Você não queria tanto? Então toma!
Se tem alguém que me abraça e eu não tenho impulsos de dizer "olha, eu sou louca e você precisa saber", e eu não olho pro outro lado e nem tenho que fingir que estou à vontade sem estar. Se tem alguém que me abraça e eu não sinto vontade de sair correndo três dias e três noites sem olhar pra trás, então isso deve ser alguma coisa.
E então eu me proíbo de sair correndo! Mesmo que haja muito mais coisas por saber. Mesmo que haja muito mais ontem do que hoje, de todos os lados.
Se eu sentia tanta falta de problemas que fossem meus e não dos outros, de resolver minhas próprias encrencas e de arriscar minha própria pele e de estar exposta, pronto. Estou aqui agora, onde e como sempre quis estar.
E por mais que o ontem pareça vasto olhando daqui, e por mais que às vezes esse passado me toque de forma dolorosa, o presente não me parece pouco. E, mesmo que eu esteja errada sobre isso, eu também vim para correr meus riscos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Terceira Lei de Newton

Quando eu parei de agir como vítima do mundo, o mundo parou de me tratar como vítima também.
Mudar as atitudes das outras pessoas não diminui em nada o próprio sofrimento. Só adia.
Psicólogos e psiquiatras ganham rios de dinheiro para nos dizer apenas isso: mude de atitude diante da vida, e a vida mudará de atitude diante de você.
Aí reclamamos, que não precisamos pagar tanto apenas para ouvir que estamos sempe errados, no final. Mas continuamos pagando. E, quando isso não dá resultado, então passamos o resto de nossos dias lamentando porque as outras pessoas não são como esperávamos.
E nós? Somos o que queríamos ser? Chegamos ao menos perto de fazer o que desejávamos? Conseguimos nos sentir minimamente responsáveis pelos nossos erros?
O que dizem de nós, o que esperam de nós, o que sentem por nós... julgamos uma foto bonita pelo contexto, pelo momento, pelo sentimento nela contido ou pelo modo como saímos nela?
Pode-se passar toda uma vida correndo atrás de algo que não chega, e daí? Sofre mais quem tem esperança ou quem não espera nada?
Ciúmes, maldições, azar, problemas financeiros, emocionais, brigas, desentendimentos, acidentes, traições... traições.

Somos mesmo vítimas do mundo ou é simplesmente mais fácil culpar o desconhecido pelo mal que nos atinge?
Agimos mesmo de acordo com o que acreditamos ou fingimos ser algo que não somos? Reconhecemos nossos erros ou apenas apontamos os erros alheios, sentindo uma mágoa imensa pelo modo como eles nos afetaram?
Eu parei de me sentir vítima do mundo, para entender que sou vítima de mim mesma, das minhas escolhas, dos meus passos. Não posso esperar dos outros mais do que posso dar a eles. Não posso esperar dos outros mais do que eles podem me dar. Ainda que seus erros me machuquem, ainda que o grito trave na garganta, ainda que eu caia, ainda que eu sinta, ainda que eu queira ferir de volta. Não sou a vítima, nem o vingador; escolho meu caminho e meus aliados. Se eles não forem o bastante para mim, ou eu não for o bastante para eles, não posso culpá-los. Eu sou a dona da minha história; e ela será tão colorida e cheirosa e bonita e agradável quanto eu quiser que ela seja.
Não os outros. Não o mundo. Deixo que eles sejam responsáveis apenas por eles mesmos, por seus próprios atos. Como isso vai me afetar, é um problema todo meu. Tenho é que prestar atenção em como o que parte de mim afeta os outros.
Eu não sou a vítima, sou a escritora.
Bem simples.