domingo, 29 de novembro de 2009

Antítese

Aquele cara planejava cada passo, media seus gestos, construía seus caminhos com cuidado, calculava o tempo e o espaço, definia metas. Cumpria prazos, tomava suco no café da manhã, passava suas camisas, dedicava-se a tudo que fazia, acompanhava o noticiário, dava bons conselhos.
A moça não. Vivia os segundos que ali estavam e deixava tudo pra última hora. Dormia depois das quatro e acordava atrasada. Nunca tomava café, porque não dava tempo. Usava a primeira roupa que caísse da bagunça que ficava dentro do armário. Faltava à faculdade, lia o que lhe caísse nas mãos e não sabia nem o que fazer com sua própria vida.
Ele transmitia segurança, tranquilidade, uma felicidade calma e leve. Uma vontade de arrastar os minutos.
Ela era um caos completo. Uma alegria enorme e intensa. Uma pressa sem tamanho de experimentar tudo.
Era visto que, uma hora ou outra, eles iam se encontrar.
E é claro que não tinha chance de dar certo.
Mas quem é que ia querer tudo igual, sempre?

Um comentário:

  1. Ironicamente, eu estou feliz por vc!
    Hehe...

    Na verdade, as diferenças no sentido que foram expostas no seu texto, são encantadoras. Encantadoras mesmo, da gente parar e ficar olhando e sorrindo com cara de paisagem.
    É tão gostoso ir desvendando a pessoa aos pouquinhos...
    Pra ele, um abalo sísmico na rotina. Quem não gosta?
    Pra ela, a segurança tão propícia para o momento.
    Uma caça ao tesouro todos os dias.

    Sorte, amiga.
    Te gosto muito.
    =*

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