sexta-feira, 29 de junho de 2012

Papo de mulher

-Eu sempre tento abrir a porta do McDonald's pro lado errado. É kármico.
-Dezessete Reais, senhora.
-E essa, agora... já chamam a gente de senhora, reparou?
-Gente, tá cheio isso aqui!
-Antes eu era uma pessoa normal, queria constituir família, ter filhos e um emprego fixo.
-Quero mudar de área, talvez eu volte pra faculdade, antes você era menos eu.
-Não aguento ser empregada dos outros, já te disse que nem penso mais em casamento?
-Eu simplesmente não consigo ligar o desembaçador do carro, é um caos!
-Tá bem, mas é aquela coisa... nunca mais foi igual.
-E a fulana, tem visto?
-Mas aquele dia foi tão rápido, nem deu pra colocar a conversa em dia. Precisamos marcar mais vezes.
-Ah, desliguei na cara. Você sabe que eu não tenho paciência pra telefone.
-Abriu um bar novo, você viu?
-Pra voltar pra faculdade a essa altura, gente! Mas é o jeito... quero mudar de área, comentei?
-Porque era uma delícia passar a tarde não fazendo nada especificamente...
-Mas eu ri sozinha igual uma louca, precisava ver!
-Nossa, eu entendo que deve ser muito complicado isso. Já pensou em terapia?
-Quando eles chegaram eu nem notei, porque estava tomando o terceiro copo de Citrus. Não to bebendo, afe.
-Ah, ela sempre teve uma inclinação, né? A gente comentava isso já no século passado.
-Ridículo! Uma ceninha digna de folhetim velho, um absurdo.
-Semana passada. Quando vi, já estava dentro do hospital, veja bem. Uma dor, menina!
-Ai, gostou? Comprei naquela loja nova, um preço ótimo.
-Não to saindo com ninguém assim, direto.
-Casa na outra semana, quase caí pra trás! Diz que o vestido tá maravilhoso.
-E te mandou um abração, porque não te vê faz uma década e meia.
-Eles marcaram pro mês que vem, parece que não tinha possibilidade de ser antes disso.
-Ah, eu gosto quando a gente se encontra assim, é tão produtivo.
-É, pena que não dá tempo de falar de tudo...

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