sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sorrisos

Alguém se esqueceu de avisar para o mundo que esse negócio de felicidade não existe; ou, no mínimo, não da forma como ouvimos falar.
A grande maioria das pessoas não é bilionária, não tem uma casa na praia, carro do ano ou mesmo as contas em dia.
Noventa por cento da população mundial têm empregos com horários ou metas que devem ser cumpridos, saem de casa pela manhã reclamando porque está chovendo ou porque está fazendo sol, aguentam chefes aborrecidos e o trânsito da hora do rush. Isso não os faz tristes ou amargurados. Do contrário teríamos índices absurdos de suicídio em quase todos os lugares do mundo. E não é o que acontece.
A grande maioria das pessoas nunca chegou a conhecer sua metade da laranja. As que conheceram, provavelmente já estão com outras pessoas, mais reais e menos complicadas. O amor da sua vida é, possivelmente, alguém que discorda de você em quase todos os assuntos. Porque o amor é assim, não pensa. E, como amor por si só não consegue fazer niguém feliz, "amores da vida" costumam acabar mais rápido que os outros. Mas não vemos por aí muita gente se acabando de chorar por ter perdido o "amor de suas vidas".
Nem dinheiro, nem amor, trazem a felicidade plena.
Porque isso é uma grande mentira. Ninguém é feliz o tempo todo. O que nos faz felizes é a expectativa de coisas boas. A vontade de comprar aquele sapato, aquela casa, aquela viagem. A espera por uma mensagem, um e-mail, uma ligação, um sorriso. O que nos faz felizes, por mais paradoxal que possa parecer, é justamente procurar pela felicidade.
O que nos faz felizes é sentir-nos vivos, em busca de aventuras melhores e mais profundas, que nos mostrem como somos capazes de ir mais além do que acreditávamos. Estar em busca, em movimento, sentir nosso coração batendo de verdade, passar raspando, chegar em cima da hora, bater de frente, defender nossos pontos de vista e, acima de tudo, acreditar que um dia essa felicidade de que tanto ouvimos falar vai bater à nossa porta e dizer "E aí?! To a fim de passar o resto dos meus dias contigo, topas?".
Aí, um dia, enquanto você toma banho ou passeia com o cachorro, enquanto você espera na fila do banco ou lê um livro, enquanto você assoa o nariz gripado ou tira o sapato, você olha pra sua rotina chata e pras suas expectativas e se dá conta: a felicidade tá aí... e você dá um sorriso, mas finge que não vê, pra garantir que ela não vá embora.
Pelo menos é assim comigo. E ando sorrindo bastante.

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