segunda-feira, 19 de julho de 2010

Unbelievable

Eu não acredito no amor. Já explico.
Talvez pela separação dos meus pais, quando eu tinha 15, talvez pela separação gradual de todo o resto dos casais da minha família ao longo da minha vida, talvez pelo descascado que ficou no meu coração algumas vezes e que eu precisei de muita massa corrida pra consertar e ainda assim tem gente que quando entra repara que ele está lá, talvez pelo fato de eu ter nascido desprovida de paciência, não se sabe. O fato é que eu não acredito mais no amor.
Não acredito em brigas por motivos non sense como a pasta de dente apertada em cima, a toalha molhada em cima da cama, a louça que ninguém quer lavar, o barzinho com os amigos e o futebol.
Não acredito em discussões por conta da interferência materna de um dos lados, por conta do nome dos filhos, por conta da cor da parede da sala, por conta da caneca de leite derrubada no sofá.
Tem gente que diz que amor se contrói e eu discordo. A gente constrói confiança, constrói hábitos, constrói horários e rotinas, constrói apelidinhos carinhosos. Não amor. Amor ou é ou não é. Ou bate ou não bate. Ou vai ou racha. Amizade é outra coisa. Carinho é outra coisa. Respeito é outra coisa. Amor é feito de tudo isso, mas também (e, talvez, sobretudo) é pele. E é por isso que não se vive só de amor.
É por isso que aquela química irresistível e aquele furacão interno não bastam. Amar é também conviver. E conviver denota imediatamente ceder e compartilhar. E entender que não há mais "problema meu" ou "problema seu". E assim mesmo não perder a própria personalidade. Por isso é tão difícil amar... não é todo amor que se dispõe.
E é assim que eu não acredito no amor.

Ponto. Na outra linha. Parágrafo.

Eu não acredito no amor, mas acredito em gente que fica acordada às duas da manhã, tentando encaixar entre as linhas algo que consiga chegar perto daquele monte de frases soltas e pensamentos revoltos que não deixam o sono vir.
Eu não acredito no amor, mas acredito em gente que sabe conviver com a leveza de amar, como se ele existisse. Em gente que dá o melhor de si até quando não pode tocar.
Eu não acredito no amor, mas aí vem você e fica falando de uma porção de coisas que eu ignoro, que eu desconheço, que eu desaprendi de viver. E eu não durmo. E continuo convencida de que não acredito no amor, mas me pego ridiculamente imaginando como seria incrível se ele existisse mesmo... que susto bom eu ia levar, amor!

Um comentário:

  1. Cuidado com isso, senão daqui a pouco vc vai estar com 29 anos, morando sozinha, entenrrando seu cachorro que morreu de velho e o mais perto que vc vai chegar de um casamento é qdo alguem te convida pra ser madrinha. Isso não chega a ser triste, mas entre uma sexta a a tarde e um domingo de manhã, uma certa melancolia é inevitável.

    ResponderExcluir